Segunda-feira, 21 de julho 2025
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Um pouco sobre nós...

 

 

A Associação Recreativa Centro de Voo a Vela Ipuã celebrou no dia 13 de maio seus 40 anos de existência. Como Ipuã nasceu e se desenvolveu e como será seu futuro? Não é nada fácil uma organização sem fins lucrativos sobreviver por esse período significativo, ante contínuos novos desafios e isso nos motivou a elaboração desse artigo.

Ipuã surgiu a partir de desejos de volovelistas do CVV-CTA em função de incertezas que iam aparecendo em suas mentes ao longo dos anos 70, como decorrência da evolução do ambiente operacional em que atuávamos no aeródromo de São José dos Campos, em função do crescimento das atividades do CTA e da EMBRAER e do contínuo crescimento do tráfego aéreo.

O voo a vela surgiu em São José dos Campos ligado ao Aeroclube de São José dos Campos nos anos 50 e foi impulsionado a partir da fundação do CVV-CTA em 1957, graças ao incentivo proporcionado por funcionários civis e militares ligados ao CTA, ligados ao desenvolvimento do ITA. O CVV-CTA operou numa pista de terra no CTA em condições de baixo movimento aéreo, mas que se transformou numa pista pavimentada de 3000m no início anos 70, incluindo torre de controle, para disciplinar o tráfego aéreo.

A prática do voo a vela desenvolvida nos anos 50 e 60 propiciava atividades de instrução de pilotagem de planador assim como atividades aerodesportivas como voos de duração, de distância, de ganhos de altura livre e participações em campeonatos de voo vela em âmbito nacional e até internacional.

Com o rápido desenvolvimento das atividades aéreas da EMBRAER e do CTA, as atividades aéreas do CVV-CTA foram sendo sujeitas à crescentes restrições, além de sujeição a condições operacionais bastante desconfortáveis, longe dos hangares e de abrigos, banheiros, contatos telefônicos, água, lanche, etc.  Apesar dos prazeres trazidos pelo voo a vela, muitas pessoas se afastavam face a essas condições pouco convidativas e também por terem de se afastar do convívio de seus familiares nos dias de operação. Ficou claro que deveríamos procurar uma alternativa com menos restrições operacionais e em condições de maior conforto pessoal e familiar. As primeiras ideias que surgiram foram no sentido de procurar um outro local para transferir nossas operações; tomamos conhecimento em 1976 que havia planos locais para a criação de uma pista na cidade serrana de Joanópolis, nas proximidades de Atibaia, fomos atrás, mas a coisa não evoluiu.

Em 1978 após uma reunião do CVV-CTA fomos tomar chope e surgiu no evento uma discussão a respeito da inconveniência da operação no CTA e um dos pontos realçados, além das restrições operacionais e das condições adversas a que estávamos sujeitos durante a operação, era o desejo de que a operação fosse realizada em local em que os volovelistas pudessem ficar próximos do local de operação pois esse era um fator que levava a muitos volovelistas a abandonar a atividade. Cogitamos então pela formação de uma comissão com o objetivo de procurar uma área propícia, não longe de São José dos Campos e que não tivesse impacto significativo no tráfego aéreo local, na qual pudéssemos criar um ambiente propicio, de forma a   compatibilizar a operação aérea com ambiente familiar. Na ocasião foi convidado o então Vice- Presidente do CVV-CTA, Olympio Sambatti, como coordenador da Comissão e passando a se dedicar prioritariamente a esse objetivo, dada sua experiencia empresarial como socio fundador da Avibrás, além da familiaridade com o voo a vela e com a aviação.

A Comissão saiu a campo procurando por uma possível solução para o desafio. Foi uma longa busca passando por contatos na Prefeitura de São José dos Campos, inúmeros contatos na região, um quase fechamento de negócio de aquisição de uma fazenda no Vale do Rio Buquira, próximo a Monteiro Lobato e finalmente a localização fortuita de uma área promissora no atual sítio de Ipuã, então parte da Fazenda Pedregulho, às margens da Estrada Caçapava a Camanducaia, a 6km de Caçapava.

Em março de 1980 foi marcada uma reunião para a qual foram convidados previamente vários sócios do CVV-CTA e outras pessoas que pudessem se interessar pelo Projeto. A reunião se iniciou na Sala Prof. Rene Marie Vandaele, no ITA, com uma explicação inicial do Projeto feita pela Comissão, sendo feita em seguida uma visita ao local onde hoje se localiza Ipuã e depois retornando ao local da reunião para discussões complementares e análise da viabilidade. Após longa discussão foi acordada a aquisição de uma área de 22 alqueires, por 31 pessoas, com o pagamento dividido em algumas poucas parcelas. Ficou por conta da Comissão o desenvolvimento técnico jurídico do Projeto de Ipuã, o que levou um pouco mais de um ano com inúmeras reuniões e discussões para se completar o projeto, que não se limitou ao volovelismo, incluindo a possibilidade da adesão inclusão de segmentos da aviação geral compatíveis com as limitações empreendimento. Com isso, no dia 13 de maio de 1981, foi oficialmente criada a Associação Recreativa Centro de Voo a Vela Ipuã.

Ipuã foi o primeiro condomínio aeronáutico de que tivemos notícia no Brasil. Após a construção da pista, do arruamento e de outras obras, além do surgimento das primeiras habitações, a materialização de Ipuã incentivou a criação de outros condomínios similares.

Podemos dizer que os objetivos foram plenamente atingidos e que os resultados foram bem além dos cogitados. Podemos dizer que formamos uma comunidade com interesses relativamente alinhados, o que propiciou esses 40 anos de evolução. Como em toda comunidade há sempre problemas de convivência a serem resolvidos da melhor forma possível através de bom senso e respeito mútuo. Ao longo desses 40 anos temos enfrentamos inúmeros desafios como por exemplo:

- Definição do modelo técnico-jurídico do Projeto

- Questionamentos da existência de Ipuã pelo DAC e pelo CTA

- Obras de movimentação de terras para a construção da pista, do arruamento e outros

- Obras de drenagem

- Construção da sede

- Eletrificação

- Homologação da Pista

- Convivência e convenio com o CVV CTA

- Projeto e construção de um hangar para suportar as operações de voo a vela

- Projeto e construção do deposito de inflamáveis

- Construção de garagem de carretas

- Construção de outros hangares por iniciativa de associados

- Segurança de Ipuã

- Colocação de grama em toda a pista

- Solução para continuidade das operações aéreas ao redor de Ipua com adoção de procedimentos de controle de tráfego aéreo

- Necessidade de adequação ao enquadramento de Ipuã no perímetro urbano de Caçapava (REURB)

- Enquadramento à legislação ambiental

- Focos de incêndios florestais

 

 

   

 

 

Gostaria de ressaltar aqui a grande importância da colaboração voluntária não remunerada de muitos associados de Ipuã e também do CVV-CTA ao longo desses 40 anos se alternando na administração harmoniosa das 2 entidades e dedicando parte significativa de seus tempos para manter as coisas andando. Os desafios por que vamos passando muitas vezes geram bastante tensão, mas nos fortalecem à medida que os vamos vencendo.

O grande desafio doravante é manter as coisas andando e sempre evoluindo para melhor. Certamente vamos continuar tendo muito trabalho.

 

 

Texto do nosso Associado-Fundador Álvaro dos Santos Pereira